Obras de misericórdia corporais

outubro 19, 2016

Aprendemos anteriormente as obras de misericórdia espirituais, agora nos propomos a refletir as obras de misericórdia corporais, de maneira fundamentada na Palavra de Deus, e na tradição da Igreja, conforme nos apresenta o Catecismo da Igreja Católica (CIC.2447).
Será uma oportunidade para fazermos exame de consciência, uma vez que o tempo quaresmal que estamos vivendo chama-nos a esse recolhimento e reflexão sobre como tem sido nossa conduta.
As obras de misericórdia corporais são sete: 1ª dar de comer a quem tem fome, 2ª dar de beber a quem tem sede, 3ª vestir os nus, 4ª acolher os peregrinos, 5ª dar assistência aos enfermos, 6ª visitar os presos e 7ª enterrar os mortos.
 São Mateus no Evangelho quando narra sobre o último julgamento nos diz:
 31“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita:* ‘Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me rece­bestes em casa;36eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’.37Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ 40Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’ 41Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; 43eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar’.44E responderão também eles: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’ 45Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!’ 46Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”. (Cf. Mt25,31-46)

Listaremos a seguir as sete obras de misericórdia corporal:
Primeira: Dar de comer a quem tem fome: Como vimos no Evangelho é o próprio Jesus que na pessoa do irmão tem fome. Quantas vezes em nossos armários estragam alimentos e talvez na casa do vizinho, o mesmo alimento que estragou em nosso armário era o ingrediente que faltou em sua refeição ou o único que ele teria.
Segunda: Dar de beber a quem tem sede: Jesus disse: “Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa” (Mt 10, 42).
Nosso Brasil é muito grande em extensão e a maioria de nós, [alta paulista] temos o privilégio te ter água potável enganada em nossas residências. Mais existem muitos que são privados e tem de percorrer quilômetros para conseguir o mínimo de água para subsistência da família e dos animais. Se estamos longe dessas realidades como então exercitar essa obra de misericórdia? Podemos exercita-la economizando-a, usando de forma correta e consciente.
Terceira: Vestir os nus: Seu guarda roupa esta superlotado? Você já passou por aqueles momentos que disse  “um dia eu vou usar” ou “um dia eu vou precisar”, mas até hoje nunca usou ou nunca precisou? Pois é, existem pessoas que estão precisando dessas mesmas peças e não tem. Pesquisas apontam que roupas que não foram utilizadas durante um ano, a probabilidade de usa-las novamente é muito pouca.Quem tiver muita roupa partilhe com quem não tem, e faça o mesmo quem tiver alimento.” (Cf.Lc3, 11).

Diz são Tiago Apóstolo: 14Meus irmãos, de que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo? 15Imaginai que um irmão ou uma irmã não tem o que vestir e que lhes falta a comida de cada dia; 16se então alguém de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos”, e: “Comei à vontade”, sem lhes dar o necessário para o corpo, que adiantará isso? 17Assim também a fé: se não se traduz em obras, por si só está morta. (Cf.Tg 2,14-17)
Quarta: Acolher os peregrinos: Na sociedade que vivemos é imprudente acolher em nossa casa pessoas desconhecidas. Ao nos deportarmos ao Evangelho São Lucas nos diz que Nossa Senhora deixa à luz, envolveu o menino em faixas e deitou-o numa manjedoura porque não havia lugar para eles na sala. (Cf. Lc2,7). Com isso podemos traduzir perguntando-nos de como tem sido nossa acolhida até mesmo com os nossos, quanto tempo e atenção tenho dedicado ao afeto?
Uma atitude também concreta é ser solidário com os órgãos sociais e religiosos que cuidam dos desabrigados e sem teto. Encaminhar esses necessitados para esses locais é exercitar esta quarta obra de misericórdia.

Quinta: Dar assistência aos enfermos:  Na Sagrada Escritura encontramos inúmeros exemplos, desta obra de misericórdia exercida por Jesus que realizou diversas curas, tais como o leproso (Cf.Mc1,40-45), paralítico (Cf.Mc2,1-12), cura do filho do oficial real (Cf.Jo4,46-54) para Como a cura do filhos do oficial (Cf.Jo4,46-53), dentre tantos outros sinais.
Não temos o mesmo poder que Jesus, mais podemos visitar e ser presente com aqueles que sofrem com as doenças, sobretudo as doenças prolongadas. Muitas vezes marca mais uma pessoa quando é visitada em sua enfermidade do que as várias festas que participamos com ela.
Faz-nos também refletir como tem sido nossas pastorais da saúde, se tem atendido o suficiente nesses momentos frágeis da vida humana, se tem aumentado o numero de pessoas empenhadas com esse bem. Outra atitude concreta que se estende a essa obra de misericórdia corporal é se sou doador de sangue, doando vida.

Sexta: Visitar os presos: Disse Jesus no Evangelho de Mateus, “estive preso e vieste ver-me.” (Cf.Mt25,36). Nossa região [alta paulista] tem muitos presídios, podemos nos perguntar também como tem sido e se há pastoral carcerária em nossas dioceses, se sim, como tem sido. É um grande desafio, enquanto nos mantemos na zona de conforto, irmãos e irmãs detentos permanecem sem uma palavra de conforto e salvadora. Compreendemos que não é tão simples querer entrar em um presídio, mais nem por isso deixa-los no esquecimento, sem dignidade. Ouvimos grandes promessas em campanhas políticas mais após a eleição tudo cai no esquecimento e nos discursos auto defensivos.
Assistência aos familiares dos detentos também é uma grande obra de misericórdia, auxiliando-os financeiramente e, sobretudo a vencerem a discriminação.

Sétima: Enterrar os mortos: “O enterro dos mortos é uma obra de misericórdia corporal que honra os filhos de Deus, templos do Espírito Santo” (Cf.CIC.2300). Porque reconhecemos que naquele corpo foi manifestada a presença de Deus.
Muitos ao ouvirem falar em velórios e cemitérios se arrepiam, por quê? É importante nos perguntar, porque perguntando-nos sobre nossas reações e sentimentos vamos nos conhecendo e nos livrando de muita coisa que nos pesa.
Importante ressaltar que devemos praticar esse ato de acompanhar um enterro, velório, não como ato social, mais sim por solidariedade como ato de misericórdia. Dizia um santo que todas as vezes que olhava para um caixão pensava, hoje é você amanha sou eu. Diz também o livro Imitação de Cristo: “Se já viste alguém morrer, reflete que também tu passaras pelo mesmo caminho.” (Cf.IC, livroI,23,2)
Portanto, caros irmãos aproveitemos as graças que hoje a Igreja nos oferece, um ano cheio de misericórdia a transbordar para quem abre as mãos e o coração. Não deixe a graça passar.


Ir. Gabriel, FGMC

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